terça-feira, 29 de dezembro de 2009

faxina de ano novo


Drummond tem uma série de mini poemas denominados Poemas de Dezembro. O meu preferido relaciona a poesia à musica para falar do fim do ano.


"Procuro uma alegria
uma mala vazia do final de ano
e eis que tenho na mão
-flor do cotidiano -
é vôo de um pássaro
é uma canção"
(Carlos Drummond de Andrade, 1968)

Parece que o décimo segundo mês do ano chega ao fim carregado de ganhos, perdas, excessos e faltas. É chegada a hora de descarregar e abrir espaço. Arrumar armários, organizar o que ainda é válido, chacoalhar um pouco o que ainda vamos precisar. Algumas peças precisarão ser lavadas e cuidadas, mas para outras, lixeira!
Precisa-se criar espaço para o novo entrar. Não é possível entulhar, temos que jogar fora muitas coisas.É realmente uma arrumação pois o espaço continuará o mesmo: 365m2 de ano, nenhum metro a mais.
Renovar é preciso. Recriar e guardar apenas o necessário.
Drummond diz em outro poema, que entra ano, sai ano e só renovamos a esperança; essa tem lugar garantido no armário. Pudera, sem ela, não daria nem vontade de ouvir uma música alta e dançar enquanto a gente joga lembranças fora.


"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um sujeito genial. Industrializou-se a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e começa tudo outra vez, com outro numero e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente"
(Carlos Drummond de Andrade, 1968)


Separei algumas músicas que me remetem à esse clima de faxina que o ano novo nos traz.
"A hora do encontro é também despedida"... (ou seria o contrário?)como diriam Milton e Brant.
E bons encontros em 2010 para todos.


Bom Tempo
Chico Buarque

Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
O pescador me confirmou
Que o passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo Vou que vouLá no alto
O sol quente me leva num salto
Pro lado contrário do asfalto
Pro lado contrário da dor...


Corrida de jangada
Edu Lobo / Capinan

Meu mestre deu a partida
É hora vamos embora
Pros rumos do litoral
Vamos embora
Hora, hora vamos embora
Vamos embora, vamos embora
Vamos embora, vamos embora...
Sou meu mestre, meu proeiro
Sou segundo, sou primeiro
Olha a reta de chegar
Reta de chegar...



A Casa pré fabricada
Los Hermanos

Abre os teus armários, eu estou a te esperar
Para ver deitar o sol sobre os teus braços, castos
Cobre a culpa vã, até amanhã eu vou ficar
E fazer do teu sorriso um abrigo
Canta que é no canto que eu vou chegar
Canta o teu encanto que é pra me encantar...


Veleiro
Edu Lobo/Torquato Neto

Ê, ô tá na hora e no tempo
vamos lá que esse vento traz recado de partir
beira de praia não faz mal que se deixe
se o caminho da gente vai pro mar
Eu vou...

vou pra terra distante não tem mar que me espante não tem, não
Anda, vem comigo que é tempo
vem depressa que eu tenho o braço forte e o rumo certo
ah, que o dia está perto e é preciso ir embora ah, vem comigo nesse veleiro
Ê, ô tá na hora e no tempo vamos embora no vento...

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