terça-feira, 30 de novembro de 2010
PRESENTE
1. (Adjetivo) que está no lugar em que se fala. 2. Que está à vista. 3. Atual. 4. Tempo verbal que exprime atualidade. 5. (Substantivo) Aquilo que se dá para lembrar um bem querer, mimo, regalo, lembrança.
Engraçado como algumas palavras condensam significados. Em português e inglês, o tempo verbal e o substantivo “presente” são um bom exemplo disso .
Diz o dicionário; Estar presente: estar (100%) no lugar em que se fala. Uma das coisas mais difíceis dessa vida.
Desprender-se das raízes do passado conservando seus frutos, mantendo-se ao mesmo tempo livre da preocupação com as flores do futuro. Plantar-se no presente, com folhas, galhos e tronco.
Aquele olhar de soslaio para o passado... guarde-o numa caixa.
Aquela ruga de preocupação com o que virá, que te faz levantar a sobrancelha esquerda...
guarde-a numa outra caixa.
Aquela dúvida em forma de pergunta: “e se...?” seguida por centenas de milhares de hipóteses... guarde tudo nessa segunda caixa.
Organize as 2 caixas e reserve.
Abra outra caixa.
Rasgue o plástico com cuidado.
Aproveite o cheiro de novidade e a textura. Comece a enchê-la. Aos pouquinhos, de sensações atuais.
Presenteie alguém importante que esteja passando por sua mente e coração nesse momento.
Depois, é so aproveitarem juntos. Aqui e agora.
Past In Present
Feist
The scarlet letter isn't black
Gotta know who's got your back
Because they're right in front of you
Because they're telling you the truth
So much present inside my present
inside my present so...so much past
Inside my present inside my past
Inside my present
http://www.youtube.com/watch?v=Onyl4YkYTLY&feature=related
Present Tense
Pearl Jam
Do you see the way that tree bends?
does it inspire?
leaning out to catch the sun's rays
a lesson to be applied
are you getting something out of this all encompassing trip?
you can spend your time alone, redigesting past regrets, oh
or you can come to terms and realize
you're the only one who can't forgive yourself, oh
makes much more sense to live in the present tense
have you ideas on how this life ends?
http://www.youtube.com/watch?v=ZXn9kNJK1ic
The Present Tense
Tom Yorke
This dance, this dance
Is a weapon, like a weapon
Of self defense
Against the present
http://www.lyrics-celebrities.anekatips.com/the-present-tense-lyrics-thom-yorke
Are you here?
Corinne Bailey Rae
Are you here?
Are you here?
Are you here, cause my heart recalls that
It all seems the same
It all feels the same
Pick me up
It's hard to recall the taste of summer
When everywhere around, the chill of winter
It gets so far away
Are you here?
And he comes to lay me down in a garden of tuberoses
When he comes around there's nothing more to imagine
Just tuberoses
http://www.youtube.com/watch?v=nLmlqbgan4g&NR=1
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Sensual ou Sexual?
Hoje, num almoço entre amigas, estávamos comentando sobre a clássica música Je t'aime moi non plus, cantada por Serge Gainsbourg e sua esposa na época, Jane Birkin. A música é sexual do começo ao fim: sussuros, gemidos, letra picante e direta. Não há nada insinuado. Não há dúvida nenhuma de que se trata de uma descrição do ato sexual. Quem não se lembra pode ouvir de novo no link abaixo.
http://www.youtube.com/watch?v=wgacX35zBck
Essa música me fez pensar sobre a diferença entre sensual e sexual. Como gosto de imaginar set lists, tenho rascunhadas na minha mente algumas músicas que considero bastante sensuais. Fui listá-las hoje e me surpreendi com a quantidade... bem mais que 20.
Porém, o curioso é que nenhuma se assemelha à classica citada acima. Algumas até mencionam palavras mais 'calientes' na letra. Outras têm um certo clima e até um clímax causado pelo rítmo, mas todas apenas insinuam algo, nenhuma é muito direta, óbvia. Talvez recaia aí a diferença entre o sensual e o sexual.
o sensual, o insinuado, não muito claro... a meia três quartos, o decote discreto, o vestido não muito curto. Na minha opinião, instigam mais os sentidos que o óbviamente sexual: o pornô, o vulgar, oferecido, sem mistérios, sem nada a ser des-coberto.
Com a música ocorre o mesmo. Je t'aime moi non plus nunca entraria na minha lista de músicas sensuais pois é muito óbvia pra isso. Está tudo lá, rasgado, às claras:
"Oh, sim eu te amo!
Eu mais ainda
Oh, meu amor...
Tu és a onda, eu a ilha nua
Tu vás
Tu vás e tu vens
Entrelaçado em meu dorso
Tu vás e tu vens"
Bem, decidi fazer uma lista de músicas sensuais, que leva em conta, meus próprios critérios, como clima e andamento da música, instrumentos, letra, voz, ocasião em que ouvi, sensações suscitadas e tudo isso junto misturado.
Convido a todos a fazerem sua própria lista com 10 ou 5 músicas. Não há primeiro ou vigésimo lugares. Listei à medida que fui lembrando. Que tal?
1.Extraordinary- Dani Siciliano
2.Ottis Redding- Try a little tenderness
3.Peel me a grape - Diana Krall
3.Closer- Corinne Bailey Rae
4. Rhymes of an hour - Mazzy Star
5. Josh Rouse - Flight Attendant
6. Charlenne-Bjork
7. All I need- Radiohead
8. Louco por você- Caetano Veloso
9. This is not a love song- versão Nouvelle Vague
10. Bullet proof soul- Sade
11-Crash into me- Dave Matthews Band
12.Cangote- Céu
13. Lullaby- The Cure
14. Indifference- Pearl Jam
15. Meu esquema- Mundo Livre S.A
16. Dance me to the end of love - versão Madeleine Peyroux
17. Sthero - Superhero
18.Tu piel- Jorge Drexler
19.Too wicky- Hooverphonic
20.Ben Harper - In the colors
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
BICHINHO
Fui mordida por um bichinho do desejo. Desejo de escrever. Esse bichinho não sabe que existe dia nem noite, primavera ou outono, madrugada ou meio-dia. Sou levada até a folha branca por uma força que não sei de onde vem. Parece que alguma coisa precisa ser derramada. Não de uma vez só. Mas com cuidado e aos poucos. Escrever, ler, apagar, ler, adicionar, aparar, cortar. A força vence o cansaço do dia, vence a fome, a melancolia, a preguiça, a lentidão e se impõe. Vejo-me obrigada a sentar e escrever. Se não o fizer, tenho a impressão de estar em dívida, de acumular algo.
Outro dia a máquina de lavar ficou vazando aqui em casa e coloquei um balde para dar conta do excedente. Não funcionou. A água jorrava até não poder mais. O barulho aumentava e o balde enchia, continuando a derramar água. Duas opções: tentar um balde maior ou fechar o buraco por onde a água saía. Tive a mesma sensação outro dia. Só que a única forma de fechar meu ‘pensador’ era escrevendo. O balde maior seriam as formas de protelar, como anotar idéias num bloco para desenvolvê-las depois. Ou seja, o balde maior não resolve o problema do excedente, apenas faz função de espera. Uma hora a água terá que ser derramada, o balde só faz acumulá-la.
Engraçada a dinâmica da anotação. Pego-me anotando uma idéia no trânsito, ou no meio da rua. Códigos ou iniciais que só eu entenderei depois. A idéia não pode sair voando por aí. Tento prendê-la no bloquinho. Para que eu pelo menos tenha a ilusão de que não a perdi. De que a recuperarei intacta mais tarde.
'minha música quer SÓ ser música'
Estava pensando outro dia sobre o ato de escrever e produzir (compor, cantar ou tocar) música.
Não sei responder se a tal da inspiração existe de fato. O que sei, é que às vezes sou tomada por
uma coisa que obriga a sentar e escrever, que eu chamei de bichinho. Imagino que deva acontecer o mesmo com quem canta ou compõe. É um desejo que nos atravessa e simplesmente se impõe.
Como a música de Adriana Calcanhoto que não quer ser moda, nem quer estar certa. Ela simplesmente quer Só Ser música.
Escrever: formal, informal ou academicamente. Em moleskines, cadernos ou papel de pão.
Vale tudo.
Talvez Lacan possa ajudar a explicar o bichinho, com o conceito de pulsão:
"A pulsão não tem dia nem noite, nem primavera nem outono, nem subida nem descida. Ela está ali sempre, não podemos fugir dela. A pulsão é uma força constante" (LACAN, O Seminário, livro XI).
Separei alguns trechos abaixo sobre a música e a palavra que se impõem ao sujeito, porque ‘habitam o coração do pensamento’ (Chico Buarque)
Quem gostar de escrever, ler, ouvir, tocar, cantar ou compor,se manifeste!
Minha Música
Adriana Calcanhotto
Minha música não quer
Ser útil
Não quer ser moda
Não quer estar certa...
Minha música não quer
ser bela
Não quer ser má
Minha música não quer
Nascer pronta...
Minha música não quer
Redimir mágoas
Nem dividir águas
Minha música não quer
Me pertencer
Não quer ser sucesso
Não quer ser reflexo
Não quer revelar nada...
Minha música quer estar
Além do gosto
Não quer ter rosto
Não quer ser cultura...
Minha música quer ser
De categoria nenhuma
Minha música quer
Só ser música
Minha música
Não quer pouco...
Nu com a minha música
Caetano Veloso
Deixo fluir tranqüilo
Naquilo tudo que não tem fim
Eu que existindo tudo comigo, depende só de mim
Vaca, manacá, nuvem, saudade
cana, café, capim
Coragem grande
é poder dizer sim
Fábrica do Poema
Adriana Calcanhotto
Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se
Uma Palavra
Chico Buarque
Palavra dócil
Palavra d'agua pra qualquer moldura
Que se acomoda em balde, em verso, em mágoa
Qualquer feição de se manter palavra
Palavra minha
Matéria, minha criatura, palavra
Que me conduz
Mudo
E que me escreve desatento, palavra
Palavra boa
Não de fazer literatura, palavra
Mas de habitar
Fundo
O coração do pensamento, palavra
Minha Missão
João Nogueira e Paulo César Pinheiro
Do poder da criação
Sou continuação
E quero agradecer
Foi ouvida minha súplica
Mensageiro sou da música
O meu canto é uma missão
Tem força de oração
E eu cumpro o meu dever
Aos que vivem a chorar
Eu vivo pra cantar
E canto pra viver
Não sei responder se a tal da inspiração existe de fato. O que sei, é que às vezes sou tomada por
uma coisa que obriga a sentar e escrever, que eu chamei de bichinho. Imagino que deva acontecer o mesmo com quem canta ou compõe. É um desejo que nos atravessa e simplesmente se impõe.
Como a música de Adriana Calcanhoto que não quer ser moda, nem quer estar certa. Ela simplesmente quer Só Ser música.
Escrever: formal, informal ou academicamente. Em moleskines, cadernos ou papel de pão.
Vale tudo.
Talvez Lacan possa ajudar a explicar o bichinho, com o conceito de pulsão:
"A pulsão não tem dia nem noite, nem primavera nem outono, nem subida nem descida. Ela está ali sempre, não podemos fugir dela. A pulsão é uma força constante" (LACAN, O Seminário, livro XI).
Separei alguns trechos abaixo sobre a música e a palavra que se impõem ao sujeito, porque ‘habitam o coração do pensamento’ (Chico Buarque)
Quem gostar de escrever, ler, ouvir, tocar, cantar ou compor,se manifeste!
Minha Música
Adriana Calcanhotto
Minha música não quer
Ser útil
Não quer ser moda
Não quer estar certa...
Minha música não quer
ser bela
Não quer ser má
Minha música não quer
Nascer pronta...
Minha música não quer
Redimir mágoas
Nem dividir águas
Minha música não quer
Me pertencer
Não quer ser sucesso
Não quer ser reflexo
Não quer revelar nada...
Minha música quer estar
Além do gosto
Não quer ter rosto
Não quer ser cultura...
Minha música quer ser
De categoria nenhuma
Minha música quer
Só ser música
Minha música
Não quer pouco...
Nu com a minha música
Caetano Veloso
Deixo fluir tranqüilo
Naquilo tudo que não tem fim
Eu que existindo tudo comigo, depende só de mim
Vaca, manacá, nuvem, saudade
cana, café, capim
Coragem grande
é poder dizer sim
Fábrica do Poema
Adriana Calcanhotto
Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se
Uma Palavra
Chico Buarque
Palavra dócil
Palavra d'agua pra qualquer moldura
Que se acomoda em balde, em verso, em mágoa
Qualquer feição de se manter palavra
Palavra minha
Matéria, minha criatura, palavra
Que me conduz
Mudo
E que me escreve desatento, palavra
Palavra boa
Não de fazer literatura, palavra
Mas de habitar
Fundo
O coração do pensamento, palavra
Minha Missão
João Nogueira e Paulo César Pinheiro
Do poder da criação
Sou continuação
E quero agradecer
Foi ouvida minha súplica
Mensageiro sou da música
O meu canto é uma missão
Tem força de oração
E eu cumpro o meu dever
Aos que vivem a chorar
Eu vivo pra cantar
E canto pra viver
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Make it easy
Sou uma pessoa simples - às vezes reflito
Um segundo depois de escrever estranhei a frase, pois a complexidade soa muito mais atraente...
O simples pode muitas vezes ser lido de forma quase pejorativa. É comum falarmos: “meus avós foram pessoas simples, não tiverem acesso à universidade”, ou “Fiz um almoço simples, não deve estar muito bom”...
Dois enganos nas duas frases. O primeiro é o tom pejorativo apoiado no adjetivo simples, quase como uma capa.
O segundo é a total incongruência. A sofisticação, o acesso ao letramento ou ao saber acadêmico, não tornam necessariamente ninguém mais complexo em seus valores, personalidade ou modo de conduzir-se na vida.
Pois bem; penso que o simples, trivial, fácil, natural, têm andado em desuso ultimamente .
Estava ouvindo uma música que dá título a este texto e parei pra pensar sobre isso.
(Ouçam sem preconceito, é uma balada folk)
http://www.youtube.com/watch?v=6zyo6NseLx4&feature=related
Temos uma enorme capacidade de planejar estratagemas, táticas, desculpas, fugas. O que poderia ser 10 vezes mais claro e divertido fica obscuro e complexo.
E quando nada disso é necessário? O que fazer quando nos deparamos com o simples, sem dificuldades?
Lá vem a angústia!
Difícil aceitar...e lá vamos nós, mexemos nossos pauzinhos pra emaranhar tudo de novo.
Sade canta emoldurando nosso dilema:
‘It couldn't be that easy
It had to be much harder’
E agora? Mas era só isso?!
http://www.youtube.com/watch?v=ZKVSZhumO84 (Não é à toa que ela tem 26 anos de carreira. Música Simples e linda)
O que buscamos pode estar em ali, ao alcance da mão. Ao nos vermos diante da expressão mais simples do nosso desejo, como a música de Wisnik,* percebemos que não estamos preparados para isso.
Complexidade e tempo
As vezes a falta de tempo pode ser uma aliada da complexidade.Um exemplo que me vem à mente são as redes interpessoais da internet (Orkut, facebook, etc).
Simples é ter saudade de alguém, pegar o telefone e marcar um encontro. Rir, trocar e jogar conversa fora. Pessoalmente. Rir ao vivo dos mal entendidos, das caretas, e não dos erros de digitação.
Andar pela rua e se deparar com algo que o outro vá gostar (o outro pode ser qualquer um; amigo, sobrinho, afilhado, a pessoa amada, a mãe, tio, professor, aluno, etc) e querer entregar pessoalmente para ver seu sorriso no canto do olho.
Às vezes tenho a impressão de que as relações em geral têm se tornado uma lista de nomes, números (quem tem mais amigos no Facebook??) e promessas com a consistência de uma nuvem levada pelo vento. É necessário menos contagem e mais contato.
E é muito simples fazê-lo. Se estivermos dispostos a isso.
Mais Simples
José Miguel Wisnik*
“A vida leva e traz
A vida faz e refaz
Será que quer achar
Sua expressão mais simples?”
* Wisnik é prof de literatura da USP e grande compositor brasileiro.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Quanta Bagagem levar?
A menos de 24 hs do vôo estou aqui às voltas com uma questão importante, o que é imprescindível levar na bagagem?
Tenho dificuldade em ser concisa, e geralmente gosto de devanear, não ir ‘straight to the point’ como dizem.
Vamos lá: itens imprescindíveis
• 500hs de música
• Fone para 2
• Bloquinho de anotação quadriculado (obrigada Claudinha)
• Câmera fotográfica
• Guias dos países
• Plásticos para guardar folhetos de museus e outras miudezas
• Livro de uma autora que eu queria ler há tempos: Miranda July (dirigiu o maravilhoso filme Eu, você e todos nós)
Desde o início da viagem andei preocupada com a questão das malas. Tentei resolvê-la buscando alguns modelos com amigos para que eu pudesse escolher depois...
Resultado: Eis o meu quarto cheio de bolsas e malas de tamanhos variados. Só consegui decidir há algumas horas.
O tamanho da mala restringe o conteúdo, disso sabemos. O que só hoje realizei é que a decisão de levar mais ou menos bagagem (para uma terra estrangeira, nesse caso) diz muito sobre nós.
Levando uma mala vazia, nossa possibilidade de enchê-la de lembranças, imagens, sons, cheiros, desejos e surpresas de um lugar distante, aumenta.
Carregar muita bagagem restringe o espaço que abrimos para o novo.
Como diz o poeta, 'a gente não sabe o lugar certo de colocar o desejo'. Dividí-lo em 2 malas? Despachar uma parte? Como escolher a bagagem de bordo, aquela da qual não abrimos mão?
Depois de muito ponderar, medir e pensar já decidi.
Levo uma mala cheia de desejos antigos e outra vazia, para encher de novos desejos de uma nova terra.
Pra não perder o hábito, uma musiquinha...
Bandas de lá
Mariana Aydar
Eu vou abandonar
Deixo o mundo velho por aqui
Não quero mais viver correndo assim
Sem tempo pra viver
Vi que é melhor
Calar que falar
Mas é cada uma que eu tenho que escutar
No momento eu não estou
Mas deixe o nome após o sinal
Que eu to pras bandas de lá
Fui viajar pra ver o Sol morrendo no mar
Que eu to pras bandas de lá
Fui viajar pra ver o Sol morrendo no mar
Não tenho pressa,
Nem me interessa quanto tempo vou levar
Não vou me permitir
Fingir que tô legal sem estar
Quanto à social
É tanta ambição
Pra conseguir o que se quer
Perder ou ganhar, isso não me vale
Prefiro mil vezes
Ir pras bandas de lá
Fui viajar pra ver o Sol morrendo no mar
terça-feira, 4 de maio de 2010
Sobre Espermatozóides e Woody Allen (leia até o fim)
O cinema tem quase tanta importância quanto a música na minha vida, e isso não é pouca coisa. Descobri Woody Allen em um filme de 1973, muito antes de eu pensar em gostar de cinema. O filme chama-se ‘Play it again Sam’. O título faz referência à Sam, pianista de Casablanca, que toca a melancólica música do casal protagonista; ‘As times goes by’.
Ao contrário de Casablanca, o filme de Allen é uma comédia. Conta as desventuras amorosas do personagem principal ainda interpretado pelo próprio. Desde o início dos anos 70, as características do protagonista, geralmente seu alter ego, continuam as mesmas. Seu anti-herói é rabugento, neurótico, patético, atabalhoado, ansioso, verborrágico, inseguro e não muito preocupado com as tendências da moda. À primeira vista, características nada atraentes aos olhos femininos.
O que ocorre no entanto, é que o protagonista de Allen por ser também inexplicavelmente sedutor, acaba atraindo mulheres em sua maioria inteligentes, interessantes, atraentes e igualmente neuróticas. É assim em ‘Play it again Sam’ de 1973, ‘Anything Else’ de 2003, e em ‘Melinda Melinda’ de 2004. Nos dois últimos, Woody Allen se faz presente no papel de protagonista na pele de outros atores.
Mais recentemente, Allen vem insistindo em 2 temas em alguns de seus filmes:
o acaso e as escolhas dos sujeitos. ‘Melinda’ (2004) e ‘Match Point’ (2005) são dois exemplos disso. Em ‘Cassandra’s Dream’ (2007) enfatiza o tema da responsabilidade e da culpa atrelada às escolhas feitas.
Seu último filme lançado no Brasil, ‘Whatever works’ (2009) é o exemplo menos metafórico e mais claro da junção desses 2 temas. Allen aponta que o acaso traça caminhos que o sujeito acaba seguindo. Como se fosse uma escolha forçada, ele se resigna e deixa-se levar ao ‘sabor’ dos acontecimentos. Aos poucos vai sabendo que gosto eles tem.
O sujeito até tenta se desvencilhar do acaso, mas uma conjunção de fatores se alinha diante dele formando uma estrada por onde ele segue contente. Os caminhos são improváveis, sem muita explicação racional, mas estão lá, e o sujeito cede. Uma bela jovem de 21 anos pede abrigo na casa de professor universitário bem mais velho e resmungão e o que soava improvável acontece. Poderia ter batido em outra porta, mas...
Mas por que não ceder ao acaso? O diretor, que define seu personagem principal como 'o único que consegue ver toda a cena', adverte os espectadores:
‘Não se iluda. Nem tudo acontece por conta da nossa ingenuidade humana. Uma parte maior do que você gostaria de admitir da sua existência é sorte, acaso. Cristo, você sabe qual a probabilidade do esperma do seu pai encontrar o único óvulo que te gerou?’
Allen ainda profetiza que pensar muito sobre o acaso, tentar prevê-lo, controlá-lo medí-lo, racionalizá-lo ou refutá-lo só nos trará uma saída: ‘um ataque de pânico’. Exageros neuróticos devidamente aparados e parece que não podemos tirar a razão dele. O ‘acaso nos protege enquanto andamos distraídos’, nos levanta quando nos vemos caídos ou nos dá uma rasteira quando já nem sonhávamos.
Frente às boas surpresas que o acaso (ou à sorte) nos reservam, resta-nos recalcular os passos, mudar o rumo previsto e aproveitar a caminhada. Mas como diz outra canção, é preciso saber ouví-lo.
Música & Acaso
http://www.youtube.com/watch?v=RJfr7GUW52w&feature=related
O velho e o Moço
Los Hermanos
Vou levando assim
Que o acaso é amigo
Do meu coração
Quando fala comigo,
Quando eu sei ouvir...
Epitáfio
Titãs
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar...
The next time around
Little Joy
It's not enough to set the terms
If nothing ventured, nothing earned
It's how it's always been
E onde a sorte há de te levar
Saiba, o caminho é o fim, mais que chegar
Tudo por acaso
Lenine
Eu sei,
Tudo por acaso
Tudo por atraso
Mera distração
Eu sei
Por impaciência
Por obediência
Pura intuição
Qualquer dia, qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora, tudo é invenção
Ninguém vai saber de nada
E eu sei
Pelo sentimento,
Pelo envolvimento,
Pelo coração
Eu sei
Pela madrugada
Pela emboscada
Pela contramão
Qualquer dia, qualquer hora
Tempo e dimensão
O futuro foi agora, tudo é invenção
Ninguém vai saber de nada
Eu sei
Por qualquer poesia
Por qualquer magia
Por qualquer razão
Eu sei,
Tudo por acaso
Tudo por atraso
Mera diversão
Whatever works- Script
Final monologue
‘I happen to hate New year's celebrations.
Everybody desperate to have fun.
Trying to celebrate
in some pathetic little way.
Celebrate what? A step closer to the grave?
That's why I can't say enough times,
whatever love you can get and give,
whatever happiness
you can filch or provide,
every temporary measure of grace,
whatever works.
and don't kid yourself, it's by no means
all up to your own human ingenuity.
A bigger part of your existence is luck
than you'd like to admit.
Christ, you know the odds
of your father's one sperm
from the billions,
Finding the single egg that made you?
Don't think about it,
you'll have a panic attack’
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